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Papa Francisco, na ilha de Lampedusa, lança ao mar
uma coroa de flores, em memória das vítimas da
emigração clandestina
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O Papa Francisco continua a surpreender
e a cativar as multidões
Por, Frei Severino
O
Papa Francisco continua a surpreender e a cativar as multidões. Como Jesus, no
Evangelho: Lc 6, 17-18.
A opção pelos pobres, pelos últimos,
pelos que não têm nome nem direitos, desejada pelo Concílio Vaticano II, começa
a tomar corpo e abre as portas para outra sociedade eclesial e social. A viagem
do Papa a Lampedusa, a ilha italiana do mediterrâneo onde continuam a
desembarcar milhares de pobres pessoas famintas de pão e de liberdade, é o
sinal mais significativo desta mudança. No começo do seu pontificado, o Papa Francisco
afirmava: “Gosto (e quero) uma Igreja pobre e pelos pobres”. Os gestos simples
do Papa, iluminados pela luz do Evangelho, adquirem o encanto e a admiração dos
gestos de Jesus, que “reunia multidões desejosas de o ouvir e de ser curadas
dos seus males”.
Já nos tínhamos esquecido da beleza e da
força do Evangelho; ele estava manietado por uma rede de rituais humanos que
acabavam de o tornar estático e ineficaz. Precisávamos de essencialidade,
daquela espiritualidade que sabe infundir luz, força e verdade à nossa pobre
humanidade. Dizia o Papa em Lampedusa: “Muitos de nós, eu inclusive, estamos
desorientados; já não estamos atentos ao mundo em que vivemos; não respeitamos
nem guardamos o que Deus criou para todos e já não somos capazes de cuidar uns dos
outros... perdemos a responsabilidade pelo próximo, caímos na globalidade da
indiferença, não sabemos ser solidários e nem sequer sabemos chorar os mortos
que não têm nome”.
O Papa Francisco confiou esta sua
preocupação aos jovens da JMJ do Rio de Janeiro. Eles entenderam e, por isso,
acorreram em enorme multidão. São as multidões bíblicas - evangélicas, sedentas
de liberdade e de esperança. São as multidões para as quais Deus enviou o seu
Filho Jesus a fim de elas encontrarem “alívio e descanso” (Mt 11, 28-30).
Estamos a celebrar o Ano da Fé e em toda
a Igreja fala-se de nova evangelização, de revitalização das comunidades
cristãs, de um anúncio e de um testemunho credíveis da boa nova do Evangelho.
Organizam-se cursos e palestras, promovem-se iniciativas e eventos a fim de
despertar interesse e adesão à Igreja. Tudo isto é muito bom, mas com uma
condição: que cada um se deixe interpelar pela Palavra do Senhor, reconheça a
sua miséria e se abra ao dom da misericórdia do Senhor. É o que está a dizer e
a fazer o Papa Francisco: poucas palavras, mas essenciais, e muitos gestos
profundamente humanos e significativos.
O que é que, afinal, o Papa disse aos
jovens no Rio de Janeiro? Simplesmente isto: “Deixai-vos cativar por Cristo!
Por favor, não deixeis que sejam outros os protagonistas da mudança; vós sois
que tendes o futuro, através de vós entra o futuro no mundo”. Numa sociedade
envelhecida no espírito, oprimida por um egoísmo insuportável, incapaz de
encontrar o equilíbrio entre as gerações, a mensagem mais revolucionária que se
possa imaginar é oferecer a todos o entusiasmo e a capacidade de sonhar,
própria dos jovens, mas, também, da juventude que está em cada um de nós.
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